“Com efeito, Deus é bom para com Israel, para com os de coração limpo.
Quanto a mim, porém, quase me resvalaram os pés; pouca faltou para que se
desviassem os meus pés” Sl 73.1,2
A autoria
deste salmo, e dos dez seguintes, é atribuída a Asafe um dos levitas que atuava
como músico e líder dos cultos no santuário durante o reinado de Davi (II Cr 5.12). Depois de muitos anos
ministrando o louvor e liderando o povo de Israel na adoração a Deus, ele se vê
mergulhado numa terrível dúvida que quase o levou a “resvalar os pés” e a desviá-lo dos caminhos do Senhor. A dúvida era
a seguinte: por que os justos sofrem
enquanto os ímpios parecem prosperar. A crise foi tanto que, à luz de suas
constatações (4-12), ele chegou à
seguinte conclusão: “Com efeito,
inutilmente conservei puro o coração e lavei as mãos na inocência” (13). Ainda bem que o cântico não
termina neste versículo, pois nos seguintes podemos ver como Asafe venceu essa
terrível dúvida que, com muita freqüência, ronda o coração dos filhos de Deus
em todas as gerações.
Essa dúvida
começa a ser vencida quando buscamos uma intimidade maior com Deus. Antes de
abandonar a fé e destruir tudo aquilo que havia ensinado e cantado no
santuário, ele reflete um pouco mais e toma uma decisão: “Em só refletir para compreender isso, achei mui pesada tarefa para mim;
até que fui ao santuário de Deus e atinei para o fim deles” (16,17). É passando um tempo maior com
Deus em adoração, com outras pessoas, ouvindo a Palavra, os cânticos de louvor
e aprofundando nossa comunhão com o Senhor é que temos condições de ver as
coisas do mundo na perspectiva correta. Do ponto de vista apenas humano, Asafe
declarou: “Pois eu invejava os arrogantes
ao ver a prosperidade dos perversos” (3),
mas ele começou a mudar de ideia quando Deus o revelou que a felicidade e a
prosperidade dos ímpios eram enganosas, passageiras e que, ao final, eles colheriam
as justas conseqüências de um viver marcado pela impiedade, ingratidão e
incredulidade.
Essa dúvida é
completamente dissipada quando confiamos na direção do Senhor. Depois de
restabelecer a comunhão com Deus buscando uma intimidade mais profunda, o
salmista amplia sua visão e recobra o equilíbrio espiritual ao declarar: “Todavia estou sempre contigo, tu me seguras
pela mão direita. Tu me guias com o teu conselho e depois me recebe na glória.
Quem mais tenho eu no céu? Não há outro em quem me compraza na terra” (23-24). “Com efeito, Deus é bom (...)”, tal convicção dominou novamente o
coração do salmista que o fez lembrar de que a verdadeira segurança do ser
humano está na direção segura que pode receber do Senhor. Não podemos duvidar
da bondade do Senhor, pois ele nunca nos deixará e nem nos desamparará. Ainda
que não tenhamos tudo que queremos nesta vida, teremos todas as nossas
necessidades supridas até sermos recebidos na glória celestial.
Amados
leitores, por pouco o salmista não foi vencido pela sua terrível e perigosa
dúvida! Muitas vezes também ficamos abalados ao perceber que o ímpio, perverso
ou incrédulo prospera tanto enquanto nós, que lutamos para manter a nossa
integridade no Senhor, não prosperarmos e até passamos por muitas tribulações e
sofrimentos. Mas tudo se torna claro e a dúvida é vencida quando buscamos uma
intimidade mais profunda com Deus, pois assim podemos perceber a miséria eterna
que aguarda os ímpios e a bondosa direção do Senhor conduzindo os salvos para a
bem aventurança eterna. Louvado seja o
Senhor!
Pr
Sidney Rosa